domingo, 1 de fevereiro de 2009

O puzzler do ano.
Por Bruno Dias


As memórias que tenho de The Incredible Machine são daquelas que me acompanharão para toda a vida. Meia dúzia de amigos em torno de um jogo que nos fazia pensar, divertir e gozar com os fracassos alheios. A simplicidade da física em duas dimensões e o singelo objectivo de levar bolas do ponto A até ao ponto B.

World of Goo é a obra de dois ex-empregados da EA, que se dão agora pelo nome de 2D Boy Studios. Usando meras borras, estilo Gish ou LocoRoco, o jogo leva-nos desde o mais simples e directo dos desafios, a níveis onde até os licenciados em engenharia civil teriam de puxar todas as aulas de Física onde lhes foram ensinados os princípios básicos das estruturas.

O objectivo de cada nível é levar as borras do seu ponto de origem até um tubo que as suga para outro local. Cabe ao jogador ligar as borras entre si e construir uma estrutura que possibilite chegar ao tubo. À partida seria o jogo mais simples do mundo, não entrassem em cena elementos como o peso, movimentos, forças de atrito e até perigos ambientais. Para abrir o leque de possibilidades existem borras pegajosas que se colam aos cenários, borras vermelhas que flutuam e até borras adormecidas que precisam de ser acordadas. Em cada nível existe um limite mínimo de borras que têm de chegar ao tubo, o que significa que não podem desperdiçar tudo. Um conjunto limitado de variáveis mas que resulta num infindável número de opções.

Com um grafismo extremamente cuidado e nitidamente desenhado à mão, World of Goo não só é uma experiência espectacular para o cérebro, como também delicia os olhos, e já agora, os ouvidos. Ou não tivesse uma banda sonora que nos remeteu de imediato para obras como Eduardo Mãos de Tesoura, O Cavaleiro Sem Cabeça ou O Estranho Mundo de Jack. Sim, tão boa, tão intensa e bizarramente melodiosa que ficámos na dúvida se não seria um licenciamento de Danny Elfman. Não é! É simplesmente mais um excelente trabalho desta equipa.

Não são precisos milhões de dólares para se fazer um jogo com craveira para ser considerado um dos melhores do ano. São precisos sim milhões de neurónios criativos, paciência e humildade para se fazer uma viagem aos primórdios dos videojogos, trazer um conceito e adaptá-lo aos nossos dias, introduzindo tudo o que precisa para ser algo fresco e aliciante. World of Goo fá-lo na perfeição.

Saca só o trailer...

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