sexta-feira, 15 de abril de 2011


 Detestou Sucker Punch - Mundo Surreal?? Então leia esse texto.

Desde X-Men 3 aprendi a não criar mais expectativa com filme algum (Tá Nilson, eu sei que tambem fiquei na fissura por REC ² e quebrei a cara!!!) mas foi impossível não ficar empolgadissimo com os trailers de Sucker Punch - Mundo Surreal. Ok, o filme estreia, ansiedade gritante, apagam as luzes, o filme começa...e porfim saí do cinema com uma tristeza no peito por não ter dado mais do que "5 ARANHAS" (aguardem) ao trabalho de Zack Snyder. O pior de tudo foi sair do cinema não com a sensação de "Que filme Ruim do C*$%*", mas sim com o sentimento de "Poxa, eu queria ter gostado mais desse filme", pois havia alí tudo que podia me agradar, Garotas lindas trajadas como "O Fetiche em Pessoa", cenas de ação absurdas e muita, mas muita Bizarrice, desde de Samurais com metralhadoras a Nazistas Zumbis. Foi então que lendo algumas materias sobre o filme encontrei uma crítica que de certa forma abriu meus olhos para o óbvio, que inclusive alguns amigos tentaram me fazer enchergar e eu me recusava. Enfim...meus olhos se abriram e sim, Sucker Punch - Mundo Surreal é um filme espetacular!!!
Vou postar a crítica na integra, só avisando que o texto está repleto de spoilers, ou seja, se ainda não viu o filme, leia por conta e risco. É um pouco grande, mas vale a pena ler (cortesia do Pixel Geek):

“Este filme é um pornô nerd”, disse-me uma colega.


Não é de se espantar as reações extremadas a Sucker Punch. O filme inverte a lógica cinematográfica e exige uma suspensão de crença maior do que tudo que vi nos últimos anos. Além disso, o filme é tão carregado de referencias, fetiches e homenagens, que apenas uma parte mínima do público é capaz de apreciar a bizarra obra do diretor ídolo dos nerds.




O pensamento cinematográfico clássico funciona sob o axioma de “Roteiro-Atuação-Visualização“. É através da materialização de um bom pretexto que as atuações são construidas e, sobre elas, é aplicada a camada de estilo visual. Nos últimos anos, essa lógica começou a ser subvertida. Logo, o visual, os maneirismos e o estilo colocaram-se antes da atuação dos atores. Foi assim que George Lucas realizou a nova trilogia de Star Wars. De posse um roteiro, o diretor materializou cenários, naves, sabres e efeitos de modo fantástico. Tudo criado sobre imensas estações azuis e verdes, estéreis e vazias, Lucas ignorou a direção dos atores a expressão pantominica. Não eram emoções o objetivo de Lucas. Era a exorcização visual de um mundo visualmente perfeito capaz de emoldurar sua história de modo irrepreensível.



Se a visão de Lucas já eriçou os críticos, não é de se surpreender que Sucker Punch seja um dos filmes mais surrados pelo público especializado de todos os tempos. Snyder, como o soco inesperado que promete no título, ignora a necessidade de um roteiro como base cinematográfica. Seu filme é construido de conceitos visuais. De materializações fetichistas e referenciais. O diretor pensou primeiro nas cenas, nas homenagens, nos figurinos, na trilha sonora… Só depois decidiu procurar uma desculpa para amarrar tudo isso.

O filme se estrutura como um jogo de videogame. Cinco fases. Cada qual um ambiente diferente, inimigos diferentes e um objetivo. Todos os objetivos devem ser alcançados para que a porta final – a liberdade do manicômio – seja aberta. Como um jogo de Super Nintendo, as meninas passeiam do sci-fi ao japão com o mesmo figurino. E, não surpreendentemente, como na aurora dos jogos, Snyder criou primeiro o visual e o estilo – a  sua “jogabilidade” – e só então procurou uma história para ele.



O diretor usa sua câmera como a mente delirante de um adolescente nerd e de hormônios à flor da pele. Babydoll tem o cabelo de uma personagem de anime. Sempre perfeito, balançando com harmonia em mechas grandes e irreais, sempre caindo sobre seu rosto pertinentemente mesmo quando ela salta sobre estatuas gigantes com uma katana. Não há falta de beleza aqui. Todas as mulheres possuem charme e apelo sexual infinitos, um exercício de misogenia polêmico e que pode – compreensivelmente – soar estúpido e sexista. A protagonista, sem nenhuma explicação, usa em seus delírios, meias 3/4, saia plissada com não mais que um palmo de comprimento, blusinha curta e reveladora. Usa também uma imensa Katana e uma Desert Eagle customizada. É o ápice da fantasia oriental. O sonho de 9 entre 10 adolescentes otakus.

Em sua viagem pelo fetichismo, Snyder escala uma femme fatale de corpo escultural mas mente frágil e sacrificial na figura de Sweet Pea. É sua “homenagem” as heroínas clássicas dos anos 50, dotadas de doçura em um corpo que transpira sexualidade. Uma heroína noir que usa rifles de assalto, uma espada bastarda e um figurino capaz de deixar Luiz Royo orgulhoso. Como não poderia deixar de ser, a personagem japonesa pilota mechas e a mais carismática, sonhadora e voluntariosa comete um ato de sacrificio capaz de redimir dos medos aquelas que vascilavam.


É irônico que em um filme tão profundamente referencial, tão capaz de alienar 99,99% do público, sua qualidade seja quase Kantiana. Como na filosofia do russo, a beleza começa e termina em sí mesmo. Seu conceito encerra-se na sua existencia. É o belo pelo belo. O estiloso pelo estiloso.

Mesmo dentro de sua profusão de referencias e fetichismos, Sucker Punch comete falhas. O level do Dragão é tedioso e anti climático e nem as referencias á brilhante Heavy Metal são capazes de proporcionar a mesma catarse de outras sequencias. Snyder poderia ter enxugado a estrutura do seu filme com uma fase a menos e alguns diálogos de qualidade a mais.Porém o filme não é um caldeirão sem sentido. Ao rever o filme, é impossível não deliciar-se com os paralelismos entre as histórias de Baby Doll e Sweet Pea. O modo como a primeira encontra redenção na salvação da segunda é realizado sem o didatismo brega que muitos aprenderam a apreciar.


No fim das contas, considero um exercício de injustiça criticar Sucker Punch pelo seu roteiro. É o mesmo que criticar Romário pela sua intelectualidade: Ora, seu propósito eram os gols e não a publicação de uma tese sobre existencialismo. Trata-se, portanto, de um filme que troca substancia por estilo. Lógica por excitação. Profundidade por beleza. É sim necessário uma imensa dose de suspensão de crença e uma construção cultural muito especifica regada especialmente ao shonen japonês – sempre perigosamente perto do softporn, talhando em sangue suas colegias samurais – para entender os sabores que Snyder põe na mesa. Mas é inegável o caráter subversivo e desafiador da obra ante ao cinemão holywoodiano liderado por Avatar e seus pares. Se é o estilo que interessa, porque fingir que pensamos primeiro na história? Em um filme que bate todo o tempo na tecla de que “é você que constrói sua realidade”, Snyder deixa bem claro qual é a que ele gostaria de viver.

Sucker Punch é a materialização dos delírios nerds.

É um imenso videoclipe.
É um desfile de design artistico irretocável.
É uma parada grega de exibição de corpos femininos perfeitos em rotinas militares.
É um soco inesperado e delicioso.
É um pornô nerd.

Só pra não fechar a postagem tão estatica...vale a pena dar outra olhadinha no trailer do filme.

2 comentários:

Nilson disse...

Já eu, gostei de Sucker Punch e ainda achei a crítica desse camarada aí um monte de asneiras agrupadas de forma levemente coerente. O cara não faz uma crítica do filme, ele faz uma defesa desesperada, como se tivesse pisado no gatinho dele e ele fosse obrigado a dizer que o gatinho dele não fez nada de errado. O cara não sabe nem mesmo que é "suspensão da descrença" o termo correto, afinal de contas, você precisa dar uma "pausa" na sua capacidade de desacreditar o que está se passando na tela, para, com isso, aceitar a trama e suas "mentiras".

Ane disse...

"é um pornô nerd"

E depois ele não sabe pq teve gente que não gostou o.O